Ontem foi o dia da espera. Antes da operação e durante. Passei grande parte do dia sozinha no quarto, sem saber o que estava a acontecer. Por volta das quatro da tarde, apareceu um médico brasileiro a perguntar um valor de umas análises de sangue. Ora, cirurgiões com dúvidas a meio de intervenções cirúrgicas não é coisa que me ponha muito descansada. Mas todos os médicos a quem contei este pormenor o descartam como sendo de menor importância. Finalmente, por volta das 20h30 lá apareceu o cirurgião principal: um homem alto, com farta cabeleira grisalha, toda despenteada, com ar de quem caminha a passos largos para preencher o lugar de cientista louco. Disse que tinha corrido tudo muito bem, que tinham retirado tudo e que os materiais, chamemos-lhe assim, tinham sido enviados para o laboratório. Passado uns minutos, aparece o Super Pai, super drogado, a teimar comigo que ainda não tinha sido operado e depois, a insistir que tinha estado meio acordado durante a intervenção. O poder das drogas é fabuloso...
E terminou assim um dia de stress. Ver Super Pais ser levados em camas de hospital é complicado. Parece que lhes retiram a super capa, ficando todas as vulnerabilidades dos comuns mortais à vista. E os pais nunca deviam ser mortais. Eu sei que são, mas não deviam.