sábado, 29 de novembro de 2008

Terminou

A situação em Bombaim já terminou. Segundo a BBC, foram mortos todos os terroristas. Estima-se que o numero de mortos chegue aos 300.

Entretanto, hoje é dia de eleições para a Assembleia de Nova Deli e por causa dos atentados desta semana e de alguns distúrbios que costumam acontecer nestas daatas, mandaram-nos ficar em prisão domiciliária, por precaução. Portanto, hoje estou a ter um verdadeiro dia de preguiça, um domingo à la indiana...

P.S. Este é o site do instituto onde estou http://www.isidelhi.org.in/index.php

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Elefantes e segredos em Jaipur

Obrigada a todos pelas vossas mensagens e preocupacao, mas por aqui esta tudo bem. Para pôr as mentes mais preocupadas em descanso e tentar um regresso à normalidade (que aqui em Deli apenas foi perturbado pelos relatos da televisão), e também para comemorar o facto de ter conseguido algum acesso à internet, fica aqui o relato da nossa viagem de fim de semana a Jaipur. Foi uma decisão tão espontânea, que estávamos a ver que íamos ficar a dormir na rua. Pelos vistos, a cidade cor-de-rosa é assolada por turistas e nós, pouco prevenidos, não tínhamos marcado sítio para dormir. Mas após vários telefonemas conseguimos estadia, com direito a nos irem buscar de carro à estação das camionetas. A cidade que na realidade exibe uma tonalidade mais salmão que cor-de-rosa, tem um ritmo fabuloso. Eu pensava que era impossível ter trânsito mais caótico que o de Deli, mas ainda tenho muito que aprender. Caminhávamos nós pela berma da estrada (passeio é um conceito ocidental aparentemente), quando pelo meio de trânsito, surge um Sr. Elefante, de tromba enfeitada, circulando naturalmente por entre bicicletas, riqueshós, carros e outros veículos motorizados. Imaginem isto na Rua Mouzinho da Silveira, em hora de ponta...
Como o sol aqui se põe muito cedo (por volta das 18h30 já está completamente escuro) arranjamos quem nos levasse em grande estilo até ao Tiger Fort, uma fortificação a partir da qual se pode ver um fabuloso por-do-sol sobre a cidade.
Quando chegamos lá em cima, devo confessar que não foram as vistas que me seduziram. O sol quando se deita para os nossos lados portuenses, esmera-se. O que me deixou boquiaberta foi o som. Como a cidade está no sopé da montanha onde se encontra o forte, o som sobe pela escarpa e chega com uma clareza inacreditável. Conseguimos ouvir o emaranhado das vozes em conversas, conseguimos distinguir músicas diferentes. Até o incessante buzinar ganha uma melodia inexplicável. É como se puséssemos um copo na parede para escutar a conversa da casa do lado.
Mas em termos de monumentos, o melhor ainda estava para vir. No dia seguinte, fomos até ao Amber Fort, que fica a uns minutos de autocarro de Jaipur. Foi aqui que percebi que afinal os elefantes não são apenas um dos meios de transporte de eleição dos Jaipurenses mais excêntricos, mas são um modo de levar os turistas desde a base da montanha até ao Amber Fort (Claro que os voluntários tiveram foi que dar uso às pernas...)
O Forte/Palácio é uma estrutura magnífica mandada construir pelo Raja Jai Singh em 1600, um rapaz que soube aproveitar bem a vida porque, segundo o que uma guia local estava a dizer a uns turistas espanhóis, o sr. teve, entre outras coisas, 12 mulheres e 25 concubinas. O Forte tem umas vistas fabulosas e é uma delícia deambular por lá. É pena é a quantidade de turistas...
A maravilha de se deambular por espaços encantados como este é que podemos, ao nosso ritmo descobrir recantos e momentos fabulosos. É curioso ver que nos trabalhos de restauro do Forte, as mulheres que carregam na cabeça as taças cheias de terra, vestem saris super coloridos. No nosso mundo seriam figurantes pagos para dar um ambiente mais real ao espaço. Aqui são trolhas, que pedincham umas rupias pelas fotos tiradas.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

wireless e terroristas

O dia amanheceu triste e o ar parece mais pesado. Por aqui ainda não se sabe quem são os terroristas, nem o porquê de semelhante ataque (se bem que nunca haverá uma justificação satisfatória).

Entretanto, aqui no Instituto, o acesso à rede sem fios está ainda mais difícil do que antes, daí a falta de notícias. Há muitas fotos da visita de fim de semana a Jaipur para publicar (elefantes no meio do trânsito, encantadores de serpentes, entre outros), mas o wi-fi não deixa. Resta-nos esperar...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Fantasma de Sari

Ontem a Índia tornou-se um pouco mais real. Foi uma noite muito atribulada, cheia de desencontros. E encontros com lados mais caóticos, duros, mas mais verdadeiros também. Por trás do Instituto onde estamos hospedados fica o Templo Sei Baba. 5ª feira é o dia daquele homem santificado e as ruas enchem-se de devotos, pedintes e pobres que vêm pela comida que lhes é oferecida. Não consigo explicar porquê, mas é completamente diferente encontrarmo-nos no meio de uma multidão numa zona comercial ou num espaço religioso. O ambiente parece mais intenso, mais carregado de qualquer coisa que não se toca, mas sente-se. E para um angrezzi (estrangeiro) existe o desconforto de não se pertencer.

Á saída do Instituto temos, do outro lado da rua, pessoas que vivem em pequenos cubículos de pedra. Não são barracas porque têm alguma estrutura, apesar de terem apenas poucos metros quadrados. As "casas" estão pintadas de cores vivas e os meus vizinhos vivem durante o dia na rua, onde se sentam no chão a fazer grinaldas de flores para vender aos visitantes do Templo. Na rua ao lado do Instituto fica um verdadeiro bairro de lata. A ruela torna-se ainda mais estreita porque de ambos os lados tem pequenos montes de madeira e pedaços de lixo onde vivem algumas famílias. Vemos que as pessoas sorriem e existe uma sensação de familiaridade, de bairro. Ao fundo da rua do Instituto estão as pessoas que vivem no passeio. Têm uns cobertores e algumas posses que estão amontoadas na cabeceira. Apenas ocupam o passeio ao anoitecer. Em frente tem um pequeno espaço aberto que me parece ser a cozinha dos vários "ocupantes" e que ao entardecer está bastante agitado. Tudo é feito ali na berma da estrada: cozinha-se, lava-se a louça, põe-se a conversa em dia, joga-se cartas. Estes espaços conheci-os todos no primeiro dia que cheguei a Deli. Mas ontem, fomos abordados por outra pessoa que me apresentou a um outro nível de pobreza. Foi à saída de um bar que se aproximou do nosso grupo uma mulher de sari, esquelética, com um odor horrível e que nos perseguiu por alguns quarteirões. Fez lembrar as imagens que vemos nos filmes. Mas real. Era com certeza uma mulher muito doente e muito pobre. Com poucos dias de vida. Um verdadeiro fantasma.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Paharganj dos Mochileiros

Como nenhum de nós conhece bem a cidade, andamos um bocado ao sabor dos guias turísticos que trouxemos connosco e dos conhecimentos dos voluntários que estão em Nova Deli há mais tempo que nós. No outro dia, ao fim da tarde, fomos parar a Paharganj, o bairro dos mochileiros e dos hostels. Aqui tivemos mais uma experiência da verdadeira Índia: caótica, cheia de gente, imunda, hiper populada de animais vadios, mal-cheirosa, fabulosa. O centro do bairro é uma rua cheia de lojinhas dos dois lados, onde vendem de tudo, mas principalmente roupas de estilo ocidental (parece uma feira). A quantidade de vacas que vimos a circular por todo o lado, foi impressionante. Aliás foi aqui que quase fui atropelada por uma sr.ª Vaca que, munida da arrogância que o seu estatuto Sagrado lhe confere neste sub-continente, achou que a curva tinha que ser feita naquele momento e naquele preciso local. Portanto quem estivesse à frente que se desviasse e eu quase que tive que saltar para cima de uma banca de laranjas. Não há problema. A vingança serve-se fria. E acompanhada por batatas fritas e ovo a cavalo.


As imagens aéreas foram tiradas de um restaurante que fica no topo de um edifício nessa zona, chamado Evereste e que serve comida ocidental, o que não é propriamente difícil de encontrar em Deli. No meio de toda a confusão e no centro de uma viela bem estreita, deparamo-nos com umas filmagens que julgamos ser para um dos filmes da tão famosa Bollywood. O cenário era de uma festa ou templo, com uma fonte à entrada que parecia brotar Fanta de laranja...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Jardins Lodi


Deli é uma cidade coberta por uma constante camada de pó e de fumo de tubo de escape. Foi a minha grande surpresa quando cheguei cá. Estava à espera de encontrar muito lixo no chão, mas não no ar, o que é falta de raciocínio porque com a quantidade de pessoas que aqui vive e o ritmo de crescimento da cidade, só podia haver estes níveis de poluição. O ar parece granuloso e demora uns dias até nos habituarmos e conseguirmos respirar normalmente. Perto do Indian Social Institute onde estamos alojados ficam os Lodi Gardens, onde fomos no Domingo passado. Vê-se lá muitos estrangeiros que vivem em Deli a jogar badminton e futebol e curiosamente, muitos casais de namorados de mão dada, que é coisa que não se vê em mais nenhum lado. O jardim tem fama de actividades mais explícitas, mas não testemunhamos nada ao vivo.
No centro do Jardim tem dois monumentos fabulosos, ruínas de uma mesquita e de uns túmulos. São fabulosos e dão uma imagem mais aproximada daquela ideia romântica que acho que todos temos da Índia.
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