quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A chegada: carne, lágrimas e livro

Em jeito de contrição, cá venho contar, tin-tin por tin-tin (raio de expressão...), a minha fabulosa chegada à pátriazinha. Ainda me parece mentira que em 25 horas de voo (muitas mais passadas nos aeroportos) tenha conseguido atravessar literalmente, meio mundo. A rapidez das viagens tem o inconveniente de não nos dar a noção das distâncias percorridas. Como tenho dito muitas vezes, se tivesse feito a viagem de navio e demorasse seis meses a cá chegar, era capaz de o impacto não ter sido tanto e de ter havido uma real noção dos kms percorridos. Assim não. Mas poupou-se tempo.

A chegada ao aeroporto foi do melhor. O avião estava meio vazio, com pacatos passageiros que vinham de Frankfurt (já ali ao lado). Eu destoava um bocadinho no meio da calmaria portuguesa porque, a partir do momento em que aterramos no Sá Carneiro, comecei aos saltinhos, com um sorriso estúpido atravessado na cara e que mais nenhum dos meus colegas de voo percebia. O que senti ao transpor as portas da saída e ao encontrar a minha família e amigos à espera foi indescritível. Acho que entrei num estado de euforia, num semi transe, que me pôs aos saltinhos (literalmente) durante a hora em que estivemos na zona das chegadas. Enchi-me de abraços, de beijos, de mimos que me souberam como nada antes. Tinha flores, peluches e gente muito boa à minha espera, a segurarem uma faixa com o cabeçalho desta Fila Indiana (não fosse eu voltar completamente perdida e não reconhecesse ninguém...).

As celebrações duraram o resto do dia, com as maravilhosas Super Bocks na praia de Matosinhos, essa bela localidade. À hora de jantar, mais uma surpresa para agradar à menina: um mega jantar com mais família ainda e mais amigos, picanha, caipirinhas, música ao vivo e mais saltinhos, já se sabe. Quem me viu diz que foi por ter comido o canguru em Camberra. A cereja em cima do bolo e a grande surpresa da noite, que me deixou muda e queda, de queixo a rebolar pelo chão foi o livro que os meus pais (e a Super Rita) fizeram, com a compilação dos textos e fotos da Fila. Deve ter sido a primeira vez que alguém escreveu um livro sem o saber...

sábado, 10 de outubro de 2009

Estranho

Eu peço desculpa pela longa ausência, mas a aterragem na nova velha vida, está a demorar mais tempo do que eu alguma vez poderia imaginar. Os encontros têm sido carregados de emoção, lágrimas e risos, muitas jantaradas e muita troca de histórias. Mas é estranho estar de volta a um ambiente que pouco mudou. E depois do radicalismo das minhas experiências aqui descritas, é-me estranho encontrar-me rodeada pelos meus amigos de sempre, nas esplanadas do costume, a ter conversas... normais. Não sentimos que passou quase um ano. O que por um lado é bom sinal: de força das relações que não se abalam com o tempo nem com a distância. Mas por outras vezes, parece que tenho que repetir a mim mesma que a Índia aconteceu realmente e não foi apenas algo com que eu sonhei entre dois cafés numa praia em Matosinhos.

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