sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Casamento n.º2

Começo a perceber que aqui há tantos tipos de casamento, como tamanhos de bolsas. O da última quarta-feira foi em grande. E teve o desafio acrescentado de eu estar com um grupo de pessoas no qual ninguém falava inglês. Foi um arranhar de línguas a noite toda. Começamos pela necessária separação dos sexos. O marido da minha chefe foi buscar-me a casa e levou-me até casa da prima dele. Depois desapareceu para ir ter com os outros machos. Estive umas horas rodeada de mulheres, que vestiam saris super trabalhados, brincos dourados enormes e colares com medalhões de ouro que mais pareciam pratos de sobremesa.

Terminadas as preparações, entramos num carro (só o condutor era homem) e atravessamos toda a cidade, até à zona das “quintas” dos casamentos. Estes espaços a que eles chamam quintas, são uns relvados, maiores que um campo de futebol, rodeados de holofotes. Quando entramos, reparo num palco gigantesco do lado esquerdo, coberto com lençóis brancos, flores de todas as cores e holofotes rosa choque e azuis. Em frente ao palco está um mar de cadeiras brancas com laços cor de rosa nas costas e pequenos sofás azuis.

Sentamo-nos à espera. Na outra metade do relvado estão montadas mesas enormes com comida. Os homens comem (primeiro, claro está) no lado direito e as mulheres ficam na área à esquerda. Só volto a ver os “nossos” homens quando três horas depois nos encontramos à porta para ir para casa. Entretanto, o palco enche-se com uma fila de homens e mulheres vestidos com roupas carregadas de brilhantes, lantejolas e vidrinhos. O casamento é de dois casais em simultâneo. No palco estão os noivos (e as noivas), os pais e as irmãs. Os convidados vão subindo ao palco, para cumprimentar todos os alinhados e entregar umas flores que nos dão quando subimos as escadas. Estão presentes perto de mil pessoas, portanto esta operação demora umas horas. Para passar o tempo e esperar a nossa vez, vamos comer umas entradas.

Depois sentamo-nos nos sofázinhos, a comer pipocas e a olhar o desfile de apertos de mão no palco. As minhas acompanhantes riem-se da minha boca aberta, a tentar perceber o que se passa. Estou sempre à espera de alguma cerimónia religiosa, mas esta parte da festa consiste apenas nisto. Nós observamos. Numa parte do relvado, ao lado da atracção principal, está montado um pequeno palco, onde um homem de rabo de cavalo, fato preto e t-shirt branca vai cantando e apresentando outros cantores convidados e uma bailarina que dança com muito pouca graça. As danças indianas perdem-se muito nas influências dos filmes de bollywood. Os bailarinos parece que imitam uma Britney Spears com epilepsia.

Como atracção de circo que sou nestas paragens, tenho direito a subir ao palco duas vezes. No primeiro desfile tiro uma foto com o pai de um dos noivos (que pelos vistos já conheci anteriormente) e ofereço uma flores que não trouxe aos casais. Da segunda vez, em completo modo estrela de cinema, poso para a câmara com os dois casais, a oferecer mais flores que não comprei. Dá para falar um bocadinho com um dos noivos, que sabe inglês e que faz o mesmo ar de completo desconhecimento quando lhe digo que venho de Portugal. A “festa” dura exactamente três horas. Eu gostava de saber mais (se houve cerimónia religiosa antes por exemplo), mas o meu gujarati não dá para tanto.

2 comentários:

Helena Almeida disse...

Goi!!
Desta vez o meu comentário vai para as fotos... e que olhos lindos que tu fotografas!!!
BEIJOS!!

Queiroz disse...

Que máximo! As fotos são óptimas embora à descrição não lhe falte nada...
Beijo e não te esqueças de passar na florista...

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