O fim de semana passado fomos em marcha até Agra, porque não podiamos deixar passar a oportunidade de ver o Taj Mahal. Confesso que estava um pouco apreensiva porque me parecia um destino muito turístico, um cliché que de modo nenhum se enquadra nesta minha experiência indiana. Portanto, até eu fiquei surpreendida com o nível de excitação e – atrevo-me a dizer?- de emoção que senti quando me deparei com o complexo onde se encontra o túmulo.
O fim de semana começou como uma grande aventura, porque foi a primeira vez que viajamos nos tão famosos caminhos de ferro indianos. Surpreendentemente, a viagem de ida e volta (que foi uma verdadeira pechincha) decorreu muito bem, pontual e com o bónus de termos experimentado a simpatia do povo indiano, que vem a reboque da curiosidade que sentem pelos únicos viajantes brancos num comboio de 2ª classe.
A cidade de Agra em si não tem nenhum atractivo especial e a nossa deslocação foi com o intuito de ver o Taj Mahal ao pôr e ao nascer do sol e pouco mais. Tivemos a felicidade de ter o nosso primeiro avistamento do famoso túmulo desde um ponto de vista muito pouco conhecido: do outro lado do rio Yamuna, numa praia fluvial muito pouco frequentada, num fim de tarde tépido e calmo. Naquele espaço tranquilo, que nem os vendedores se atrevem a estragar e onde nem as buzinas incessantes chegam, todos os turistas – indianos e estrangeiros – estavam em contemplação e absorção de tudo o que aquele momento mágico proporciona.
No dia seguinte experimentámos outra característica tipicamente indiana: o empatanço. Seguindo as informações que lemos no guia, madrugamos às 5h30 para podermos estar à porta do Taj Mahal à hora da abertura anunciada: 6 da manhã. À hora marcada, eramos os primeiros na fila para comprar os bilhetes. Os senhores da bilheteira, à boa maneira (portuguesa) indiana, chegaram, tomaram o seu chá, carimbaram os bilhetes todos do dia, fizeram festas ao cão... Finalmente começaram a vender os bilhetes passavam 20 minutos da hora. Mas a nossa pressa era injustificada, porque os guardas, de metralhadora ao ombro à porta do monumento, enquanto nos ordenavam em fila indiana (a primeira vez que vejo alguma familiaridade com o conceito em 3 semanas de estadia), informaram-nos que as portas só abriam às 6h45. Eu sei que são poucos minutos de espera, mas relembro que é de madrugada, altura em que todos os minutos passados na cama valem horas.
Finalmente entramos no complexo (não sem antes nos revistarem) e foi o momento do assombro, que não consigo explicar. Foi um misto de surpresa por nunca ter pensado ir até ali, com espanto pela beleza do edifício, com romantismo pela história, enfim... Não o vou descrever porque há momentos que têm que ser vividos e não contados. Aproveito só para revelar algumas curiosidades que acho que são pouco conhecidas:
1. o Taj Mahal não está sozinho: é ladeado por uma mesquita e pela Jawal (literalmente, “a resposta”). A primeira foi construída porque na época era costume construir templos junto aos túmulos, para lhes conferir uma aura mais sagrada. A segunda, acredito que tenha sido construída apenas para manter a simetria que se verifica em todo o complexo do Taj Mahal, com uma excepção;
2. o único elemento no Taj Mahal que “estraga” a simetria é o túmulo do imperador (que mandou construir o TM para a sua esposa preferida); 3. os quatro minaretes que rodeiam o TM têm uma pequena inclinação para o exterior. Assim, se houver um terramoto (ligeiro), eles caem para fora e não em cima do Taj (naturalmente, se o terramoto for dos sérios, vem tudo abaixo);
4. entre a cúpula que se vê do exterior e a cúpula que se vê dentro do túmulo existe um espaço oco. Foi feito para criar uma acústica especial. Segundo um dos guias, cabem lá dentro 22 elefantes (não me perguntem o tamanho das criaturas, nem como provaram eles esta teoria);Outra das mais valias desta viagem de fim de semana, foi descobrir que, em algumas partes da Índia, tenho estatuto equiparável ao de rock star. Nos monumentos que visitamos, fui abordada por dois grupos de jovens indianos que, muito educadamente, pediram fotografias, autógrafos, apertos de mão. O meu primeiro grupo de fãs está nesta foto e o rapaz era o único falante de inglês do grupo. A cena repetiu-se no Forte Vermelho, que visitamos da parte da tarde, e outra vez ontem de tarde, quando caminhava com uns colegas pelos jardins Lodi aqui em Nova Deli. I'm ready for my close up...!