terça-feira, 7 de julho de 2009

Monsão em part-time

Eu tinha uma ideia romântica que o Monsão na Índia seria algo de verdadeiramente assustador. Chuvas fortes, ventos daqueles que fazem pensar duas vezes antes de abrir a porta, dias em que a prisão domiciliária seria imposta pelo ameaçador nível das águas do rio Tapi, nosso vizinho, a poucos metros de distância.

Parece que a realidade é bastante diferente, menos dramática e mais contida. A fúria do Monsão já existiu, mas pelos vistos não é todos os anos. As alterações clmáticas também privam as estações de muitas das suas características mais típicas. Este ano, no Gujarat, o Monsão funciona a meio tempo. Durante o dia, temos um sol radioso, temperaturas altas (para não variar) e um nível de humidade no ar, sempre crescente. Ao final da tarde, o céu começa a escurecer e a parecer mais cinzento. De noite, temos festa. Há já duas noites seguidas que, a partir das 21h, começam verdadeiras tempestades tropicais. A primeira foi de raios e trovões. Fabulosos estrondos de luz iluminavam o céu. Às vezes eram brancos, como se alguém tivesse acendido uma gigantesca lâmpada fluorescente. Outras vezes, meio lilazes e até verdes. Deu para ver os raios desenhados no céu, como há já muito não via. Ouvi os estrondos dos trovões. Depois começou uma chuvada das valentes, que impedia de se ver um palmo à frente do nariz. Mesmo quando a chuva acalmou a trovoada continuou para animar os meus desejos de tempestade tropical. Estive o tempo todo, sentada em cima da banca da cozinha, a olhar pela janela e a bater palmas, como se estivesse a ver fogo de artifício no São João.

No dia seguinte, o sol radioso arrancou-me uns insultos logo de manhã. Afinal temos tempestade ou temos tempo de Verão? Os deuses que se decidam. Repetiu-se a cena do dia anterior, com o céu a escurecer ao final da tarde e com uma chuvada como ainda não tinha visto, acompanhada de rajadas de vento, que ameaçavam levar o plástico que temos a fazer a vez do vidro nas janelas.

Hoje de manhã mais sol. Mais insultos. Vamos ver o que a noite me reserva.

4 comentários:

VagaMundos disse...

Estamos neste preciso momento a assistir aquilo que se pode chamar de uma micro-monsão escandinava... ou será uma versão do "este ano o verão foi à quinta-feira"?

De qualquer forma chove a potes.

bjs

Helena Almeida disse...

Goi!!
Sou uma fã de tempestades. Adoro os trovões, a chuva forte, o som do vento. Não tenho ponta de medo. Apenas um respeito silencioso, com um risinho no coração quando é fim-de-semana e está mau tempo.
Lembro-me de ser adolescente e da Helen Hunt ter protagonizado um filme que adorei: Tornado. Não me foi difícil imaginar no papel de cientista caçadora de tempestades. Nos canais de TV de documentários há imensos sobre esta temática e eu interrogo-me sempre como é possível termos pegadas na Lua há já 40 anos e ainda não conseguirmos compreender cabalmente os fenómenos terrestres.
O meu fascínio pelas tempestades está bem diagnosticado: uma dose de perigo aliada à imprevisibilidade, com forças poderosas e incontroláveis à mistura. É a força da Natureza. E nada consegue ser mais surpreendente do que a Natureza (humana incluída).
BEIJOS!!!

eduardo disse...

Será que isto não é o resultado do Efeito de Estufa? Em Portugal, como sabes, o tempo é cada dia uma surpresa. Chove no Verão e faz bom tempo no Inverno. Alguém entende isso?

Queiroz disse...

Então sessão nocturna e de borla? Espero que a máquina tenha registado esses momentos deslumbrantes...pessoalmente adoro esse tipo de fenómenos, talvez mesmo um certo fascínio!
Que a monsão te continue a paralisar de assombro!
Beijinhos e bons "flashes"

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