sábado, 11 de abril de 2009

Férias parte 1: Goa

Goa faz-me lembrar África, sem nunca lá ter estado. As palmeiras por todo o lado, a terra vermelha e as casas coloniais polvilhadas um pouco por todo o minúsculo estado, são a imagem que eu tenho do que será o continente africano. Mal pus os pés fora do aeroporto comecei a bater palmas de contente. Depois de 4 meses no retiro que é Surat, sabe a mel entrar num cenário que se aproxima muito do paradisíaco. Acho que foram as palmeiras. Ou então o facto de ver mar pela primeira vez desde que cheguei à Índia.


Eu e a super mãe ficamos instaladas na capital do estado, Panjim, na zona das Fontainhas. Com a quantidade de nomes portugueses de ruas, lojas e zonas da cidade, estava cheia de esperança de encontrar pessoas a falar português. Ou pelo menos com uma ideia de que Portugal é efectivamente um país e que não me devolvessem o olhar vazio a que já me acostumei sempre que digo de onde sou. Bem enganadinha estava. O facto dos portugueses terem saído de Goa apenas em 1961 não fez diferença nenhuma nesse aspecto. Tirando os nomes das pessoas e das ruas, algumas igrejas e a comida, não há mais resquícios da nossa passagem por lá.




Mas mesmo sem falar português com os nativos, os cinco dias que passamos em Goa foram fabulosos. Deu para desenjoar completamente do vegetarianismo fundametalista a que sou forçada a aderir em Surat. Deu para afogar as mágoas em cerveja Kingfisher, que vem em garrafas de 650 ml. Os trabalhos para o bronze decorreram dentro do esperado. Aconselho vivamente a Baga Beach onde as espreguiçadeiras são de graça, as bebidas vêm ter connosco e o mar, a dois passos, é quase morno. O único inconveniente são as vendedoras insistente que constantemente nos tentam impingir pulseiras para o tornozelo, mini-saias, lenços, tambores e manicures, tudo da pior qualidade imaginável. O que vale a pena comprar são as frutas. O mini-ananás descascado na hora e servido numa saca de plástico com palitos, custa 40 rupias e é doce e suculento como os açorianos (os ananases, não as pessoas que ainda não manifestei tendências canibais).

Foi em Goa que começou o meu grito do Ipiranga de moda, que me acompanhou ao longo destas férias. Depois de quatro meses num ambiente onde mostrar os ombros ou o tornozelo é equiparável a posar nas páginas centrais da Playboy (que soube já tem edição portuguesa...), é libertador poder usar um vestido de alças e um biquini sem atrair (muitos) olhares.

O interior da Sé Catedral na Velha Goa.


A Super Mãe no rio Mandovi, no Panjim.


O mercado diário do Panjim.


O mercado semanal de Anjuna. Às 4as feiras, muita compra, muito calor, muito marralhanço.

4 comentários:

eduardo disse...

Neste Domingo de Páscoa nada melhor que vir dizer um olá à minha amiga Teresa. Pelo aquilo que dizes, e tendo o aspecto da língua, eu diria que é semelhante a Timor. Só que nós regressamos lá depois da invasão da Indonésia. Pelo que li, havia pouca gente a falar a língua de Camões. Agora as coisas já devem estar melhor.

muipiti disse...

Apesar de estar aqui a comentar apenas pela 2ªvez visito-a regularmente e leio
com muito interesse as seus postes.
Compreendo perfeitamente que não tenha aceite repassar o selo que lhe atribui.
Uma brincadeira sem grande importância entre bloguistas que eu resolvi participar nomeando outros de quem eu gosto francamente.
Nasci em Moçambique, concretamente na Ilha de Moçambique onde existia uma grande comunidade indiana e lá vivi até aos 19 anos.Por essa razão a sua cultura nas várias vertentes interessa-me bastante e algumas questões que aborda não me são completamente estranhas, também as constatei de perto.
Pelas suas palavras imagino como foram proveitosas as suas férias em Goa na companhia da sua mãe.
Continuação de um bom trabalho e voltarei sempre! teresa pinto

Helena Almeida disse...

Goi!!
Que bom saber que as férias correram bem!
Também tinha a ideia pré-concebida que Portugal e os Portugueses teriam uma presença mais "forte" em Goa... e mesmo em Damão e Diu.
Gostei da comparação do Eduardo com Timor. Recordo-me que Portugal se emocionou ao ouvir rezar em Português no famoso massacre do cemitério de Santa Cruz... mas com a independência do território constatou-se que a língua era conhecida apenas por alguns.
Se não houver um investimento na manutenção do património (no caso linguístico), tudo se perde com o passar do tempo...
Será que em Goa ainda se reza em português?:)
BEIJOS!!

Valdemar disse...

Talvez seja por mais poucos anos e por uma minoria mas em Gôa continua-se ainda o falar o português... Se prestasse atencão no Bairro das Fontaínhas ouviria à noite sons na língua de Camôes rezarem o rozário em portugûes... Se fosse á Catedral saberia que ainda há missa em português... Se caminhasse pelas ruas de Pangim descobriria que podia até comprar livros em português... Mas provávelmente com tão pouco exercício nem teve tempo e fome para se dirigir ao Restaurante "A Ferradura" na Rua de Ourém em Pangim onde o dono teria todo o prazer em falar consigo em português... Na próxima vez que for às Fointaínhas experimente nas calmas dizer "Bom-Dia" às pessoas principalmente as de meia idade e verá o resultado...
Valdemar (Sydney)

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