Aqui realmente não é preciso sair-se de casa para ter entretenimento. Ou no meu caso, para se ser o entretenimento. No outro dia os meus colegas de trabalho informaram-me que toda a gente na nossa zona, andava a falar de mim. É natural, a única branquela a passear-se pelas ruas, vestida de uma forma estranha, desperta o mesmo interesse que uma indiana de sari a atravessar a ponte D. Luís. Eu já estava à espera de despertar a curiosidade e confesso, até com vontade de o fazer, de ser a minoria. Queria saber a sensação de receber os olhares de soslaio que nós aí no burgo deitamos aos que nos parecem diferentes. Esqueci-me que as coisas na India são diferentes, maiores, mais exageradas. Não recebo olhares de soslaio. As pessoas param no meio da rua, riem, apontam. Um homem ontem passou por mim e benzeu-se. Só mesmo as vacas é que não me ligam nenhuma e parecem até um pouco incomodadas por outro ser lhes tirar o foco das atenções por alguns momentos.
Hoje foi dia de fazer a vontade aos meus vizinhos mais novos, que diariamente me vêm bater à porta, e de aceder ao seu pedido "Please come to my home! " Claro que indo a casa de um, tenho que ir a casa dos outros todos e eles parece que se multiplicam. Hoje visitei 5 apartamentos no meu prédio, antes de conseguir fugir de volta pra casa. A primeira coisa que me ofereceram foi água, com em qualquer boa casa indiana. Seguiu-s uma catadupa de ofertas, que a determinada altura já pareciam mais imposições.
- "Food?"
- No.
- "Fruit?"
- No.
Veio na mesma. Vários tipos. Depois começaram as perguntas:
- "Married?"
- No.
- "We know nice boy"
- No!!
Com o crescer da confiança, começaram as fotografias, as comparações do tom de pele, os toques no dragão que tenho tatuado no braço, o aperto das minhas bochechas que pelos vistos são muito suaves... Depois as crianças começaram a apresentar-me os seus álbuns com desenhos que fizeram na escola. De seguida as mães queriam ir buscar os ábuns do casamento. E as primas, sobrinhas e filhas queriam vir todas cá para casa. No! digo eu. E toda a gente se cala e fica a olhar para mim com um ar muito sério como se eu tivesse proferido o maior insulto alguma vez falado. Lá expliquei que queria vir falar com os meus pais pela internet e marcamos a mostra de fotos para amanhã. E mais uma vez nos separamos com sorrisos sentidos e acenos de mão. Esta gente tem um poço inesgotável de felicidade guardado algures. Hei-de descobrir...
P.S. A partir de hoje sou Teresa Didi aqui no prédio, que é como quem diz irmã.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
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7 comentários:
Adorei a parte do
- "Married?"
- No.
- "We know nice boy"
- No!!
Tás tramada com os vizinhos casamenteiros:P ehehe
Beijinhos grds
tou espantado...na India???
trocaste Matosinhos pela India??? eheheh!!
cuidado, corres o risco de sair dai casada :p
bjs Teresa Didi
Teresa Didi, bem giro! Essa gente, apesar de muito intrometida, parecem-me do melhor. Apesar das condições em que vivem são felizes e querem que os outros também o sejam, nem que seja à força "we know nice boy". Eu já tinha boa impressão deles desde que conheci aquele padre jesuita que aí esteve e agora tu confirmas. Tem paciência com eles e "enjoy".
Montes de beijos
Ah esqueci-me de te pedir tira fotos ao teu prédio e aos vizinhos, tá bem? Jinhos :)
Didi do meu coração !!!
Atenção ao casório. Escolhe bem!
Será que sou eu (nós) que vou ter que ir aí? Vamos lá vêr!
Beijos gandes
ola Didi
Andar depressa nao e o meu forte e
so agora li que es a Teresa Didi.
Bonito nome, mana...
Parece que a tua vida social esta
preenchida com os convites dos teus
simpaticos vizinhos e isso e bom.
um grande abraco da
Tia Alice
Olá Teresa Didi:
Estás tramada...ou não! Já analisaste os rituais de casamento? E o dote?
Isto de ser o centro das atenções pode causar inveja ao sagrado...ele que se cuide.
Estou a adorar esta sobremesa neste domingo bem indoor.
Beijos
Queiroz
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