sexta-feira, 31 de julho de 2009
Pormenores VIII e Até já
O Bicho Papão
terça-feira, 28 de julho de 2009
Buracos na parede (ou Canalizações à Indiana)
É mais uma daquelas coisas que no início nos deixa a pensar "Esta gente é tola", mas a que depois nos habituamos. No entanto, nos dias em que a paciência anda a bater no vazio, voltam a irritar a alma. Talvez alma seja muito profundo, porque falo de canalizações. Aqui no escritório temos uma pequena banca para lavar a louça do chá e do almoço. Ao lado da banca fica o quarto de banho, com uma sanita indiana, ou seja, vamos-lá-testar-o-equilibrio-e-fazer-xixi-de-cócoras. Os problemas (para além do equilíbrio) são dois: 1º ao lado do cúbiculo da "sanita", um pequeno tubo sai da parede. Este tubo tem ligação directa ao ralo da banca. Portanto, podemos estar concentrados no equilíbrio e levar de repente, com um jacto de água suja a cair directamente para o calcanhar. 2º pela janela que fica atrá da sanita aparece outro tubo, que termina a meio da parede. Este vem de uma reserva de água algures no telhado do prédio. Quando a reserva enche, o excesso de água vem, tubo a baixo, directamente para o chão do nosso quarto de banho. Isto acontece quase todos os dias por volta das 16h. Com as chuvas do Monção, a descarga começa mais cedo e dura mais tempo. Portanto, uma ida ao quarto de banho aqui, envolve algum pensamento estratégico de antemão: preparar o equilíbrio, rezar para que ninguém se lembre de usar a banca quando estamos lá dentro, levantar o calcanhar/esticar a perna/ou outra coisa qualquer, para evitar que a água do telhado molhe a calça/perna/pé.
É claro que isto não me devia surpreender nadinha, tendo em conta que neste país, os quartos de banho nos comboios são buracos no chão da carruagem. Literalmente. Vemos a linha a passar lá em baixo...
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Mais um sábado em Damão
Entrando no Forte de Nani Daman, quase tudo o que está escrito nas pedras é português antigo.
Pelo Bom Português
Obrigada Gaba!
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Sonhos eclipsados
terça-feira, 21 de julho de 2009
Foi você que pediu Monsão?
Os últimos metros até à minha porta, foram feitos encavalitada no que restava dos passeios, já que a rua estava intransitável, com água a dar pelo meio da coxa. Entrando na Raj Residence, deparo com toda a gente em rebuliço. Parece que há festa. No terraço. À chuva, claro. Depois de pousar as minhas coisas em casa, sigo a corrente de mulheres e crianças e subo as escadas até ao terraço do prédio, onde passamos o resto da tarde a atirar água uns aos outros, a olhar para o nível da água a subir lá em baixo na rua e a tentar comunicar em gujarati.
E é assim que os meus vizinhos indianos ganham mais um grande ponto positivo: não há temporal que desencoraje a boa disposição. Se chove há que fazer a festa, tanto como se faz quando está sol. Não há os queixumes ocidentais de "ai hoje está muito calor e ontem esteve muito frio". Quando o Monsão chega, a vida continua. Há que calçar os chinelos, molhar a perna e curtir a água, que o inverno também faz parte da vida.
Pormenores VII
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Monsão a toda a força
A vida continua como sempre. Os surtis parecem conformados que os próximos três meses serão passados entre diferentes estados de humidade. Nem sequer abrem o guarda-chuva na rua. Alguns usam capas de plásticos que os cobrem completamente, mas são poucos. Os vendedores continuam a observar os mesmos horários e as bancas continuam nos mesmos locais, com os mesmos vegetais de sempre, a serem lavados pela água que cai. Nada muda nesta cidade e o exotismo que me encantava, vai sendo levado pelos dias que passam, pela chuva que cai e pela vontade cada vez mais forte de partir para novas aventuras.
De volta
Estas conferências são como mini-férias para nós. Porque são organizadas pelo escritório central (e não pelas ongs locais onde trabalhamos) temos sempre direito a boas instalações, com alguns luxos: sanita, duche, cerveja e comida não-vegetariana todos os dias. Daqui a 15 dias temos outra numa cidade perdida no meio do estado de Madhia Pradesh. Mais quatro dias de viagens de comboio para três dias de conferência. Mal posso esperar.
Entretanto a contagem decrescente está a ganhar força. Já tenho os bilhetes de avião para o regresso. Dia 01 de Outubro, às 11h05 da manhã, aterro no saudoso aeroporto Sá Carneiro. A partida de Surat está marcada para dia 12 de Setembro, com uma passagem de 15 dias por terras australianas. 54 days and counting...
terça-feira, 7 de julho de 2009
Há dias assim...
A minha amiga D. voltou das suas férias, cujo principal objectivo era pôr as ideias em ordem. Durante os dias que passou na aldeia dos pais, leu um livro com alguns conselhos para uma vida mais feliz. Disse-me que a cada capítulo que lia, se lembrava de mim e das coisas que eu lhe tinha dito ao longo das nossas conversas. You are my real life happiness guru, rematou.
Monsão em part-time
Parece que a realidade é bastante diferente, menos dramática e mais contida. A fúria do Monsão já existiu, mas pelos vistos não é todos os anos. As alterações clmáticas também privam as estações de muitas das suas características mais típicas. Este ano, no Gujarat, o Monsão funciona a meio tempo. Durante o dia, temos um sol radioso, temperaturas altas (para não variar) e um nível de humidade no ar, sempre crescente. Ao final da tarde, o céu começa a escurecer e a parecer mais cinzento. De noite, temos festa. Há já duas noites seguidas que, a partir das 21h, começam verdadeiras tempestades tropicais. A primeira foi de raios e trovões. Fabulosos estrondos de luz iluminavam o céu. Às vezes eram brancos, como se alguém tivesse acendido uma gigantesca lâmpada fluorescente. Outras vezes, meio lilazes e até verdes. Deu para ver os raios desenhados no céu, como há já muito não via. Ouvi os estrondos dos trovões. Depois começou uma chuvada das valentes, que impedia de se ver um palmo à frente do nariz. Mesmo quando a chuva acalmou a trovoada continuou para animar os meus desejos de tempestade tropical. Estive o tempo todo, sentada em cima da banca da cozinha, a olhar pela janela e a bater palmas, como se estivesse a ver fogo de artifício no São João.
No dia seguinte, o sol radioso arrancou-me uns insultos logo de manhã. Afinal temos tempestade ou temos tempo de Verão? Os deuses que se decidam. Repetiu-se a cena do dia anterior, com o céu a escurecer ao final da tarde e com uma chuvada como ainda não tinha visto, acompanhada de rajadas de vento, que ameaçavam levar o plástico que temos a fazer a vez do vidro nas janelas.
Hoje de manhã mais sol. Mais insultos. Vamos ver o que a noite me reserva.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Companheiros de apartamento
Depois vieram os pássaros que, mal se abre a janela, entram pela sala dentro e penduram-se na ventoinha. Ainda aparecem de vez em quando.
As pombas são convidadas residentes e dividem o telhado com os corvos. Aparecem às vezes para dizer olá.
Há umas semanas começaram a aparecer do outro lado da janela da cozinha estes senhores.
Pelos vistos, a luz que mantemos acesa é um chamariz para os insectos do outro lado do plástico (sim, as minhas janelas são de plástico), o que transforma o exterior da janela no local perfeito para a caça nocturna. Ontem, um dos rapazes apareceu sem cauda. Lá se deve ter metido em alguma alhada e pronto. Mas as miúdas gostam de cicatrizes...
Este meio-kilo mudou-se para o nosso super AP de armas e bagagens e não há janela aberta que o convença que a vida no exterior é melhor que na Raj Residence (nome do meu prédio). Na foto está com ar ameaçador e olhos de "eu já fui crocodilo há umas encarnações atrás", mas na realidade é mais pequeno que um dedo mindinho. Corre muito e não se consegue decidir entre a sala e o meu quarto. Se continuar por cá, arrisca-se a ser baptizado. Estou a pensar em Tobias, mas aceitam-se sugestões.