terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Passeios e Correios

Hoje fui sozinha à estação dos Correios enviar uma encomenda para Portugal. Nem sei como me sinto ao fim de duas semanas aqui, mas sair para a rua ainda é uma aventura que requer alguma energia. Como a cidade parece que está num estado perpétuo de obras (pó, tijolos e montes de terra por todo o lado) e como os passeios quando existem têm meio metro de altura e são frequentemente interrompidos por crateras, templos improvisados e rios de urina, caminhar nesta cidade pode ser comparado a fazer trekking nos caminhos da Serra do Gerês. Mas há muitos pontos de contacto entre o modo de ser dos indianos e dos portugueses: recebemos os mesmo olhares quando caminhamos pela rua e ouvimos os mesmos ruídos que os “machos” portugueses se doutoraram em oferecer às meninas que passeiam sozinhas pela rua. O meu mecanismo é o mesmo que em casa: ponho a minha cara fechada número 27 e as provocação resvalam na couraça da minha indiferença.

A rua dos correios

Nos correios, o sistema não traz nenhum exotismo particular. Apenas descobri que o conceito de “fila” é ocidental: aqui as pessoas amalgam-se em frente ao guichet e ocupam todo o espaço disponível. Não existe a noção de espaço social, nem de privacidade. O espaço que eu deixei entre mim e a pessoa que estava à minha frente na “fila”, foi rapidamente ocupado por um senhor que entretanto chegou; e as pessoas são atendidas aos pares, pelo que todos os assuntos são do domínio público. Perceber este inglês macarrónico está a ser um desafio comparável às minhas aulas de Gujarati (que começaram ontem às 7 da manhã). Ainda preciso que me repitam o preço das coisas três vezes antes de as perceber. Pelos vistos aqui tueiti-sében quer dizer 287..

5 comentários:

Helena Almeida disse...

Goi!!
A aventura continua... Parabéns pela fantástica capacidade descritiva. Só te posso desejar boa sorte para o ingliano:)
A diversidade cultural é incrível. Eu gosto particularmente destes pequenos pormenores com que nos presenteias: ausência de passeios ou do conceito de "fila indiana":) Hum... já agora, em que será que se inspiraram para chamar à fila "indiana"? É que, pelos vistos, a tua experiência mostra que as filas indianas são um pouco curvas...
BEIJOS!!

fernandesmariateresa disse...

Já sei o que foste fazer aos correios...lá-lá-lá!
As tuas descrições são girissimas e "macho" é "macho" no matter where.
Beijinhos

Aurora - Ló disse...

Olá minha indianasinha de gema!
É sempre agradável lêr as tuas notícias. A rua do correio é muito bonita, deve saber bem andar por lá a passear. Parece limpinha. Beijinhos desta família. A Esperança manda-te beijinhos. Ela anda muito preocupada.
A Ritinha vai ser operada ao coração no dia 9 Dez. em Coimbra.
Até breve e tudo de bom

Otília Gradim disse...

Olá!! agora escreves com rima?... gosto muito da forma como escreves! os indianos é que tardam ;)) imagino que seja um problemas com os correios... mas a verdade é que ainda nao recebi nenhum!! beijokas

Queiroz disse...

Pelos relato não há dúvida que não deixas qq. macho indiferente! Afinal a ida aos correios e as descrições das ruas eram só pretexto. O texto, já o estamos a decifrar.
Sê feliz...

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