terça-feira, 29 de setembro de 2009

Nervoso miudinho

Esta e a minha ultima noite em Sydney. Depois de tantos meses, depois de tantas aventuras, comeca mais uma etapa, pela qual tanto ansiei. Dai os nervos. Desejar muito uma coisa coloca muita pressao quando ela se concretiza. Curiosamente, encontro semelhancas com o que senti nos momentos antes de partir para a India. Tambem estava a concretizar um sonho. De anos. Daqui a dois dias, concretizo uma fantasia de meses. Os abracos, beijos, lagrimas foram todos imaginados durante muitas noites indianas. Agora mal acredito que o momento esta aqui. Dois dias. A viagem de regresso comeca amanha as 10 horas australianas e so termina no dia seguinte as 11 da manha portuguesa. Com fusos horarios pelo meio e depois de atravessar meio mundo dentro de um aviao. Estas ferias no meio dos cangurus e dos koalas foram fabulosas, mas parece que me confundiram. Sinto que me encontro numa normalidade que nao devia ter lugar entre as duas dimensoes que me rodeiam e que ainda me sao estranhas. De um lado, a minha vida indiana com todas as peculiaridades e paradoxos que aqui descrevi. Do outro, o regresso ao que ja foi rotineiro e familiar e que me questiono se ainda o sera.
Este desabafo parece que me enche de forca e de vontade de descobrir a resposta. Sydney maravilhosa fica para tras, nao `e casa, nao `e portuguesa. Apesar da simpatia de todos, nao tem os mimos nem o calor da cozinha da minha tia, dos abracos do meu pai, dos risos dos meus amigos. Estou de volta minha gente. Com nervos miudinhos e com muita saudade e com imensa vontade de a matar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Nos antipodas

Sem tempo para grandes conversas, deixo-vos as primeiras fotos destas ferias, que estao a ser d-o-m-e-l-h-o-r! Atingi o nirvana no MacDonald's, fui ao Zoo ver os cangurus e os koalas, que nao se encontram em mais lado nenhum em Sydney, andei de barco, fui a praia... Enfim, vim parar ao paraiso, apesar do tempo estar bastante cinzento. Aqui ficam algumas imagens incluindo, como nao podia deixar de ser, o meu primeiro bife!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Adeus Surat... Ola Sydney!

Este e o meu ultimo dia em Surat. As malas ja estao prontas, o quarto completamente desprovido das minhas personalizacoes, os nervos em franja! Agora estou literalmente a contar os minutos ate as quatro da manha, hora a que a minha grande viagem comeca. Este e o inicio de uma outra aventura, o regresso a casa e o comeco do resto da minha vida. Estou muito optimista e quero aqui deixar registado que, apesar de todos os contratempos, esta experiencia correu melhor do que eu alguma vez podia ter imaginado. Estou feliz. Pura e simplesmente.
 
Para suavizar a transicao, vou passar duas semanas a Sydney com a Super Mae e os primos que la vivem. Nao sei quando vou ter oportunidade (ou muito sinceramente, vontade) para me ligar a world wide web, mas fica a promessa de, mais cedo ou mais tarde, colocar aqui as imagens das ferias. A Fila vai continuar viva apos o meu regresso, para registar tambem o meu reajuste a civilizacao. Estou curiosissima por saber como vai correr a re-ambientacao. Sera que podemos ter choques culturais de ricochete?
 
Entretanto, fica aqui o plano das festas: a saida de Sydney esta marcada para o ultimo dia de Setembro, o que quer dizer que, com todas as escalas que vou ter que fazer, esta previsto aterrar no fabulastico Aeroporto Sa Carneiro as 11h05 da manha do dia 1 de Outubro. Comecem com a preparacao fisica necessaria porque as celebracoes do regresso vao durar, pelo menos, um mes.
 
Muitos beijos, apertos de mao e xi-coracoes e um muito obrigada. Por tudo.
 
Ate ja!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pormenores XI

A 3 dias da partida, a manha comeca muito bem, com uma pequena comitiva composta pelas minhas vizinhas, que me vem oferecer tres tops, desenhados por uma delas. Dia que comeca a estrear roupa nova, e` dia feliz para mim!
 

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Despedida


Encontar simetria aqui e dificil, mas ontem foi o fechar de um circulo perfeito. A mesma comida da primeira visita. A mesma companhia no regresso a casa que no primeiro dia. Mas este foi o ultimo. Uma despedida sincera da minha familia indiana. A mummy chorou enquanto eu dizia adeus. O pai deixou que o abracasse. O meu coracao, histerico e cheio de felicidade pelos momentos que estao para vir, apertou-se um bocadinho. Um pouco para minha surpresa. A vontade de voltar para casa, a falta dos abracos portugueses, fez-me esquecer que tambem tenho lacos fortes aqui. Neste canto perdido, onde so vem quem sabe onde fica. Talvez o aperto seja a antecipacao das saudades que sei que vou sentir dos abracos indianos. Diferentes, raros, espartilhados por convencoes culturais, mas nao menos sinceros. A tristeza da mummy em me ver partir, os olhos vidrados da minha colega que sorria, o ar serio de olhos no chao do pai. Andamos sempre a ganhar e a perder. Deixamos pessoas para tras, ganhamos outras. As vezes pergunto-me se vou ter espaco no meu coracao para toda a gente. Porque estes momentos solidificam a minha conviccao de que, apesar de tudo o que tenho visto e do que ainda quero ver, o mundo esta cheio gente que ama e que mima. Ao seu jeito. E sei que ainda vou cruzar caminho com elas. Quando eu era pequenina, uma radiografia mostrou que o meu coracao, o musculo, era maior do que o habitual. Ainda bem que tenho o espaco porque sei que vou precisar dele.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A Grande Loucura de Ganesh

Ha historias que sao tao fora de tudo o que conhecemos, que nem sabemos por onde comecar. O fim de tarde de ontem foi assim. Os festejos do ultimo dia do Grande Festival de Ganesh comecaram de manha, mas a partir das tres da tarde ganharam tal forca que nos vimos obrigados a fechar a porta do escritorio.
Eu fui para a varanda tirar fotos aos carros com as estatuas do deus-elefante que iam em procissao ate a beira rio. A acompanhar os carros, iam cortejos de homens a dancar e a tocar tambores e a estalar foguetes que (quase) me desfizeram os timpanos. Ninguem faz barulho como os indiansos. O ambiente era parecido com o da queima das fitas, mas com deuses em vez de caloiros.

A loucura subiu de tom quando decidi ir com a minha amiga V ate a zona onde estavam a afogar as estatuas. Na India nada e feito de maneira simples. Os carros do cortejo paravam a entrada de uma viela onde ficam varios templos pequenos. A viela acaba no rio, com uma escadaria que a chuva e a lama tinham tornado escorregadia. Uma das maravilhas de ser uma celebridade em Surat e que nao ha policia que me pare. Eu e a minha amiga, passamos todas as barreiras de seguranca sem ter que explicar nada a ninguem e chegamos ao coracao da viela.


As estatuas sao levadas em bracos, escadas abaixo ate ao rio, o que nao e nada problematico com as esculturas mais pequenas, mas que se revela um verdadeiro esforco do corpo e da alma, com as estatuas que chegam aos dois metros de altura. Ver a cabeca do Ganesh a cruzar a esquina da viela foi quase como assistir a um parto. Como sempre o meu ar de choque provocou imensos risos.



O meu reconhecimentos pelas figuras de autoridade, resultou na nossa entrada no ultimo nivel de acesso: a berma do rio, onde so os deuses, os voluntarios de camisola amarela que os carregavam e os segurancas podiam ir. Mas a senhora do sari vermelho que, com um cajado maior do que ela, controlava todos os segurancas, levou-nos ate a beira da agua, onde as estatuas sao colocadas no que parece ser um fragil barquinho de madeira. A remos, afastam-se alguns metros da margem e sao tombadas na agua, para alegria de alguns e lagrimas de outros. Eu nao fui no barco porque me consegui esquivar aos convites, senao acho que ia com o Ganesh ate as portas do ceu. Ou ao fundo do rio Tapi.






quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Lama no cabelo igual a...

Acalmem-se as almas mais preocupadas com o nivel de laranja do cabelo da menina. Como ja tinha dito, nao foi nada tao radical como eu temia. Viva as ervinhas naturais! Ca esta o comprovativo fotografico, com a menina armada em carapau de corrida.
 


 

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pormenores X

Ha uns dias atras, eu e a minha colega fomos ate Baroda, uma cidade que fica a duas horas de comboio de Surat e que e considerada a capital cultural do Gujarat. Devo confessar que no dia que passamos la, nao deu para perceber o porque deste titulo. Apesar de tudo, a cidade e agradavel. Logo a saida da estacao encontramos a universidade de Baroda, que ocupa uns edificios antiquissimos, com arcos e abobadas em pedra, que realmente inspiram quem estuda por la.

Fomos tambem visitar o museu da cidade, que deve ter das coleccoes mais estranhas do mundo. Num pequeno, mas belissimo edificio vitoriano, estao amalgamadas coleccoes de objectos decorativos chineses, tibetanos, indianos e japoneses, uma ala islamica, outra egipcia onde esta uma mumia (a serio!). Pode ainda ver-se tigres embalsamados mortos pelo maraja da zona, manequins com roupas tradicionais indianas, coleccoes de roupas e artefactos africanos, pinturas europeias e um esqueleto de uma baleia azul que partilha a cave com uma serie de outros esqueleto incluindo o de uma girafa. Ah, e no primeiro andar temos ainda o modelo em gesso da cabeca e dentes de um mamute. Nao percebi a logica das exposicoes, mas foi uma manha bem passada.

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